Um em cada cinco brasileiros de 18 a 24 anos nunca foi ao oftalmologista, e apenas 10% dos entrevistados fez apenas um exame de vista completo na vida, segundo pesquisa realizada em outubro de 2020 em homenagem ao Mês Mundial da Visão e publicada pela Agência Brasil.
A pesquisa Um olhar para o glaucoma no Brasil mostra ainda que 30% dos brasileiros acreditam que se deve procurar o oftalmologista somente depois de começar a usar óculos e 23% após perceber alguma perda de visão.
Esses dados mostram que os brasileiros não entendem a importância de um exame de vista completo. Por isso, neste conteúdo vamos explicar os diferentes tipos de exames de vista, como eles são feitos e quando é o momento certo de procurar o oftalmologista.
Colaborou com este artigo: @dr.renanoliveira – Dr Renan Oliveira (CRM-SC 24.929) – oftalmologista no Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem (Joinville, SC)
Índice
Quando devo fazer o exame de vista?
Como deve ser feito o exame de vista?
Existem diferentes tipos de exames de vista indicados para momentos específicos da vida ou sintomas, que necessitam de investigação mais aprofundada. Veja os principais.
A Academia Americana de Oftalmologia e a Associação Americana de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo desenvolveram diretrizes específicas para exames oftalmológicos infantis, com exames que ajudam a identificar quando a criança pode precisar de um exame oftalmológico completo.
Independente disso, recomenda-se realizar um exame oftalmológico simples, rápido e indolor, nas primeiras semanas de vida do bebê, para examinar o reflexo da retina, que deve ser homogêneo, simétrico e regular.
O teste serve para detectar vários problemas de visão em recém-nascidos, desde catarata, glaucoma congênito, tumores, inflamações e erros de refração como a miopia, hipermetropia e astigmatismo.
A avaliação externa dos olhos, tem como foco as pálpebras e os canais lacrimais. Nele o oftalmologista busca possíveis sintomas como vermelhidão, inchaços, alterações anatômicas das pálpebras, excesso ou falta de lacrimação.
O exame de refração determina a capacidade de enxergar e define o grau dos óculos. Ele verifica os erros de refração no olho e que geram problemas como miopia, hipermetropia, astigmatismo e a presbiopia.
É o exame mais conhecido dos oftalmologistas, quando sentamos na poltrona o médico coloca um aparelho na nossa frente e pede para ler as letras ou símbolos pretos em fundo branco projetados na parede. O oftalmologista vai mudando as lentes do aparelho e com isso as letras aparecem mais ou menos nítidas, indicando o grau de correção necessária.
Esse processo pode ser auxiliado pelo refrator automático, quando olhamos dentro de um aparelho que mostra a imagem (geralmente de um balão no meio do deserto ou uma casinha na estrada) e este apresenta um valor estimado do erro refrativo, que depois é refinado durante o exame de refração subjetiva (baseado nas respostas do paciente) feito pelo oftalmologista.
Para medir a pressão ocular o oftalmologista usa um tonômetro, que pode ser de sopro ou de contato. O mais preciso é o de contato por aplanação, quando o médico instila colírios anestésico e corante fluorescente, seguido de toque gentil e indolor na córnea por um instrumento que mede a pressão interna de cada olho. Esse exame é fundamental para identificar casos de glaucoma, uma condição que pode levar à cegueira.
Permite uma visualização detalhada das estruturas do fundo do olho incluindo o disco ótico (cabeça do nervo ótico), mácula, retina, vasos sanguíneos, coroide e humor vítreo, para avaliar a saúde dessas estruturas e identificar lesões, doenças oculares e sistêmicas e malformações. Entre essas condições estão o diabetes, glaucoma, hipertensão arterial, doenças infecciosas e auto-imunes, descolamento de retina, entre outros.
Também conhecido como exame de motilidade ocular – avalia a função dos músculos envolvidos na movimentação dos olhos e verifica alterações sensoriais. Desse modo, ele é recomendado para analisar o alinhamento dos olhos, a posição do olhar e detectar condições como estrabismo e ambliopia.
Faz o mapeamento topográfico do relevo da córnea e determina a curvatura corneana. É indicado para o diagnóstico de problemas de visão como o ceratocone, para pacientes em adaptação de lentes de contato ou para analisar a possibilidade de realizar uma cirurgia a laser para correção de miopia, hipermetropia ou astigmatismo, por exemplo.
Antes de falar sobre a frequência necessária para os exames de vista, vale ressaltar que alguns sintomas reforçam a necessidade de visitar um oftalmologista. São eles:
O primeiro exame básico da saúde dos olhos é feito ainda na maternidade. Após, é recomendado o primeiro exame oftalmológico entre os 6 meses e 1 ano de idade. De maneira geral, é recomendado o exame oftalmológico a cada 1 ou 2 anos, a depender de cada caso, considerando histórico familiar, condições oculares ou sistêmicas e presença de sintomas visuais e/ou oculares.
Se você tem 65 anos ou mais, mesmo que não sinta nenhum sintoma na visão, verifique seus olhos a cada um ou dois anos. Seu oftalmologista verificará se há sinais de doenças oculares relacionadas à idade, como: catarata, retinopatia diabética, degeneração macular relacionada à idade e glaucoma.
Se você usa óculos de grau ou lentes de contato é preciso consultar seu médico de visão uma vez ao ano, para acompanhar a progressão do grau, e garantir que o uso das lentes de contato não está causando outros problemas oculares.
Pessoas com diabetes ou histórico familiar de doença ocular, devem conversar com seu oftalmologista sobre a frequência com que seus olhos devem ser examinados.
Um exame oftalmológico abrangente é simples e confortável e não deve demorar mais do que 30 a 45 minutos.
Ele começa com seu histórico médico, para obtê-lo o oftalmologista vai perguntar sobre sua visão e seu estado geral de saúde. Além disso, será preciso compartilhar detalhes do histórico médico de sua família, medicamentos que você toma, e se você usa lentes corretivas.
Em seguida vem os testes descritos acima, podendo incluir outros testes caso seja necessário.
Ao final do exame de vista completo o médico vai indicar na receita médica o grau necessário para a correção do seu erro refrativo, orientações gerais e prescrição de colírios ou outros medicamentos para a sua saúde ocular. Caso você não apresente nenhum problema, vai indicar a melhor data para a próxima consulta.
Veja como ler a receita médica em uma matéria completa do nosso blog.
Não são todos os exames de vista que necessitam da dilatação da pupila.
Nos exames de refração a pupila pode ser dilatada com colírio em crianças e jovens adultos, para diagnósticos mais precisos.
No exame de fundo de olho, a dilatação da pupila também é necessária para uma melhor avaliação clínica.
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